© 2020 Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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1ª edição. Ano 2020
Elaboração, distribuição, informações:
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Secretaria de Defesa Agropecuária
Departamento de Saúde Animal
Coordenação Geral de Sanidade Animal - CGSA
Coordenação de Animais Terrestres - CAT
Divisão de Febre Aftosa e Outras Doenças Vesiculares - DIFA
Esplanada dos Ministérios - Bloco D - Anexo A - Sala 304
Brasília/DF - CEP: 70.043-900
Tel: + 55 (61) 3218-2724
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/febre-aftosa
Equipe Técnica:
1. Ângela Jardim Duarte Vieira - Superintendência Federal de Agricultura do Estado do Mato Grosso – SFA/MT
2. Anselmo Vasconcelos Rivetti Junior - Laboratório Federal de Defesa Agropecuária - LFDA-MG
3. Edviges Maristela Pituco - Centro Panamericano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária - PANAFTOSA OPS/OMS
4. Gabriel Adrian Sanchez Torres - Superintendência Federal de Agricultura do Estado de São Paulo – SFA/SP
5. Katherine Sharlene Barbosa Fragoso -Superintendência Federal de Agricultura do Estado do Pará – SFA/PA
6. Luiz Cláudio Coelho - DIFA/CAT/CGSA/DSA/SDA
7. Marcelo Fernandes Camargos - Laboratório Federal de Defesa Agropecuária - LFDA-MG
7. Roberto Siqueira Bueno - Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal - Iagro/MS
Coordenação Editorial – Assessoria Especial de Comunicação Social
Catalogação na Fonte
Biblioteca Nacional de Agricultura – BINAGRI
Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. 1. Defesa Agropecuária. 2. Febre Aftosa. 3. Saúde Animal. 4. Epidemiologia. I. Secretaria de Defesa Agropecuária. II. Título. AGRIS E70 |
Kelly Lemos da Silva CRB1-1880
Macroprocesso: 22 - Prevenção, Controle e Erradicação de Doenças e Pragas |
Objetivo: O objetivo deste manual é orientar quanto aos procedimentos para a investigação de casos suspeitos de doença vesicular. Neste sentido, o manual apresenta orientações gerais sobre:
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Processo: 22.02 - Responder a ocorrências sanitárias e fitossanitárias |
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Entrega: Sanidade dos Animais e das Plantas |
Público alvo e demais interessados: O Público-alvo do Manual é interno e externo: Profissionais que atuam na área de defesa sanitária animal do SVO, especialmente médicos veterinários vinculados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e aos Serviços Veterinários Estaduais. |
Versão do documento: 2.0 |
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Setor responsável e responsabilidades Departamento de Saúde Animal: responsável por elaborar e revisar o manual sempre que houver necessidade, para atendimento ou atualização com base nas leis, regulamentações e normas internas aplicáveis. |
Doença vesicular: conjunto de doenças transmissíveis caracterizadas pela presença de vesículas ou lesões vesiculares nas regiões da boca, focinho, patas ou úbere, associadas a condições clínicas e epidemiológicas que apresentem indícios de prévio contato com agente infeccioso causal, que devem ser confirmadas ou descartadas por diagnóstico laboratorial;
Inspeção clínica: procedimento realizado por médico veterinário, com inspeção individual de animal, observação detalhada na região da boca, focinho, espaços interdigitais e úberes, na busca de sinais clínicos compatíveis com doença vesicular.
Interdição: proibição do ingresso e egresso de animais em um estabelecimento de criação, para qualquer finalidade, bem como de produtos ou subprodutos ou materiais que possam constituir fonte de transmissão do agente infeccioso, a critério do SVO.
Unidade epidemiológica: grupo de animais com relação epidemiológica definida e com probabilidades semelhantes de exposição a um determinado patógeno, de acordo com a caracterização realizada pelo SVO. Pode ser constituída por uma ou mais propriedades rurais contíguas, parte de uma propriedade rural ou grupo de animais susceptíveis à doença, compartilhando o mesmo ambiente ou sob práticas de manejo e condições de biossegurança comuns;
Vínculo epidemiológico: Ligação ou contato existente entre casos prováveis ou confirmados de uma doença e outros animais suscetíveis, indicando a possibilidade de transmissão do agente infeccioso, de acordo com caracterização realizada pelo SVO.
Vistoria: observação dos animais no rebanho, podendo fazê-los caminhar ou correr, na busca de observar sinais clínicos compatíveis com lesão vesicular (salivação, manqueira, vesículas nos tetos, patas ou boca).
e-Sisbravet: Ferramenta eletrônica específica para gestão dos dados obtidos da vigilância passiva em saúde animal, desenvolvida para o registro e acompanhamento das notificações imediatas de suspeitas de doenças e das investigações realizadas pelo Serviço Veterinário Oficial. GTA - Guia de Trânsito Animal
LEF: Líquido esofágico-faríngeo
Mapa: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MVO: Médico veterinário oficial
Panaftosa: Centro Pan-Americano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária
Pnefa: Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa
SFA: Superintendência Federal de Agricultura
SVE: Serviço Veterinário Estadual
SVO: Serviço Veterinário Oficial
UVL: Unidade Veterinária Local
O presente manual possui vigência e prazo indeterminado e será revisado sempre que necessário, no mínimo a cada 5 anos, pelo Departamento de Saúde Animal (DSA) e aprovada pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA).
A gestão desse manual está sob a responsabilidade do DSA, que prestará auxílio ao público-alvo leitor. Dúvidas e/ou sugestões quanto a aplicação deste manual deve ser submetidas ao e-mail pnefa@agro.gov.br.
A publicação e atualização das versões na plataforma oficial da Secretaria de Defesa Agropecuária para acesso pelo público-alvo será de responsabilidade da Secretaria representada pelo Departamento de Saúde Animal.
O objetivo deste manual é orientar quanto aos procedimentos para a investigação de casos suspeitos de doença vesicular e fortalecer os conceitos a respeito da epidemiologia, vigilância e ocorrência da febre aftosa, bem como sobre os procedimentos a serem aplicados em cada uma das fases da investigação de uma suspeita de doença vesicular. Sendo agrupados em duas fases: Investigação e Alerta.
Neste sentido, o manual apresenta orientações gerais sobre:
Expressamos nossos agradecimentos a todos os profissionais que representaram as instituições envolvidas na realização deste trabalho:
Os procedimentos técnicos que devem ser realizados por médicos veterinários capacitados para o atendimento e investigação de uma notificação de suspeita de doença vesicular foram descritos, inicialmente, no “Plano de ação para febre aftosa, volume I, atendimento à notificação de suspeita de doença vesicular”, publicado em 2009.
O presente documento é uma atualização do referido documento e contém os procedimentos para atuação frente às suspeitas de doença vesicular nas fases de investigação e de alerta. Seu conteúdo deve ser de conhecimento e domínio de todos os médicos veterinários que atuam no serviço veterinário oficial (SVO) e utilizado na rotina do SVO, além de servir como base para os treinamentos nesta área.
Considerando os constantes avanços nos conhecimentos referentes à dinâmica das doenças infecciosas, a disponibilidade de métodos de análise laboratorial e as estratégias de controle e erradicação, os manuais necessitam de revisão e atualização. Esta versão foi elaborada com base nas normas e orientações vigentes sobre a Febre Aftosa, nacionais e internacionais, e foi precedida de discussões técnicas com participação de diferentes setores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa, Centro Panamericano de Febre Aftosa e Saúde Pública Veterinária - Panaftosa e dos Serviços Veterinários Estaduais - SVE.
Neste documento estão descritos os procedimentos para a investigação de casos suspeitos de doença vesicular. De forma didática, esse processo está agrupado em duas fases: Investigação e Alerta. A atuação e os procedimentos a serem realizados nestas fases constituem conhecimento necessário para todos os médicos veterinários que atuam no SVO.
Em sequência a esse processo, quando da confirmação de um foco de febre aftosa, há outras duas fases, denominadas emergência e conclusão, sendo que os procedimentos estão escritos no Plano de Contingência para a Febre Aftosa.
De forma representativa é possível visualizar na Figura 1 os documentos onde estão descritos os procedimentos de cada uma das fases do sistema de vigilância para febre aftosa no País.
Figura 01. Representação das principais fases do sistema de vigilância para doença vesicular.
Para melhorar a efetividade das ações de vigilância de doença vesicular e a capacidade de pronta reação nas emergências para contenção e eliminação dos focos de febre aftosa, além de recursos humanos preparados, equipamentos básicos e recursos financeiros, há necessidade de se dispor previamente de algumas informações e estruturas específicas, detalhadas a seguir:
É importante ter conhecimento que o sistema de vigilância para a febre aftosa contempla as seguintes categorias de doenças:
As definições de caso suspeito de doença vesicular, caso provável de doença vesicular, suspeita descartada de doença vesicular, caso descartado de febre aftosa e caso confirmado de febre aftosa constam na ficha técnica da doença no site específico do Mapa e está de acordo com os critérios do Código Sanitário dos Animais Terrestres da OIE. A Figura 2 demonstra o fluxo de investigação de caso suspeito de doença vesicular.
Figura 02. Representação do fluxo de investigação de casos suspeitos de doença vesicular.
A fase de investigação começa quando o SVO tem conhecimento de uma suspeita de doença vesicular.
A notificação da suspeita de doença vesicular é obrigatória para qualquer cidadão, bem como para todo profissional que atue na área de diagnóstico, ensino ou pesquisa em saúde animal, conforme legislação vigente.
Todo caso suspeito de doença vesicular, independentemente de sua origem, deve ser investigado pelo SVO em um prazo de até 12 horas. O resultado da investigação inicial pode ser suspeita descartada ou caso provável de doença vesicular. Entre motivos de suspeita descartada estão a “ausência de animais susceptíveis”, “ausência de sinais clínicos compatíveis” e identificação de “agravo não infeccioso” ou outras doenças infecciosas que não se enquadram na definição de doença vesicular. Os casos prováveis de doença vesicular exigem a continuidade da investigação, incluindo colheita de material para diagnóstico laboratorial, e marcam o início da fase de alerta.
A avaliação clínica e epidemiológica do caso suspeito de doença vesicular representa fase decisiva no sistema de vigilância. O médico veterinário oficial deve estar capacitado para, tecnicamente, tomar a decisão sobre o andamento da investigação, exigindo conhecimento sobre patogenia e epidemiologia das doenças vesiculares, treinamento para investigação de doença vesicular, incluindo colheita de material, e domínio das técnicas de semiologia.
No Quadro 1 são apresentadas as principais fases da patogenia da febre aftosa, enquanto na Figura 3 é demonstrada a evolução teórica das reações biológicas esperadas em um animal pós-infecção, sem histórico de vacinação, destacando os momentos ideais para colheita de material para isolamento viral. Essas informações foram adaptadas de materiais elaborados pelo Centro Panamericano de Febre Aftosa – Panaftosa - e são importantes para que o médico veterinário, após a avaliação clínica, possa informar a data do provável início da sintomatologia clínica nos animais avaliados.
Entre a introdução do vírus (penetração intracelular) e o aparecimento das primeiras lesões, transcorre o denominado período de incubação, que dura até 14 dias, e se caracteriza por duas fases distintas: fase de eclipse e fase prodrômica. Na fase de eclipse, o vírus não é isolado mesmo se empregados meios sofisticados de investigação. Essa fase pode durar poucas horas e corresponde à penetração intracelular do agente e à formação das primeiras partículas virais completas. A partir do momento em que essas partículas são disseminadas por todo o organismo, por meio das vias sanguínea (viremia) e linfática, inicia-se a fase prodrômica, que dura até o aparecimento das lesões típicas de febre aftosa. Na fase prodrômica os animais apresentam sinais inespecíficos (reação febril, depressão e anorexia), comuns a diversas doenças infecciosas.
As doenças vesiculares consideradas clinicamente indistinguíveis da febre aftosa são a estomatite vesicular, a infecção por Senecavírus A, a doença vesicular dos suínos e o exantema vesicular dos suínos, sendo possível a diferenciação entre elas somente por meio de testes laboratoriais. Para um conhecimento complementar sobre as principais doenças vesiculares, no Anexo C estão disponibilizados endereços eletrônicos que direcionam para fichas técnicas, com informações sobre a febre aftosa e as doenças vesiculares confundíveis. No Anexo D é possível encontrar informações sobre as características das lesões e a suscetibilidade das espécies domésticas, e da espécie humana, frente ao grupo de doenças vesiculares confundíveis com febre aftosa.
Quadro 1. Fases e período de desenvolvimento na patogenia da Febre Aftosa
Patogenia da Febre Aftosa | Tempo estimado |
---|---|
a - Inalação do vírus b - Infecção de células na cavidade nasal, faringe e esôfago c - Replicação do vírus e disseminação para células adjacentes d - Passagem do vírus a vasos sanguíneos e linfáticos e - Infecção de nódulos linfáticos e outras glândulas f - Infecção de células da cavidade oral, patas, úbere e rúmen |
24 - 72h (1 a 3 dias) |
g - Começo da febre h - Aparecimento de vesículas na cavidade oral, patas, úbere e rúmen i - Salivação, descarga nasal e claudicação |
72 - 96h (3 a 4 dias) |
j - Ruptura de vesículas e intensificação de sintomas k - Final da febre l - Final da viremia e começo da produção de anticorpos |
120h (5 dias) |
m - Diminuição do título de vírus em vários tecidos e líquidos | A partir do 8º dia |
n - Cura de lesões e o animal começa a comer | A partir do 10º dia |
o - Desaparecimento gradual do vírus de tecidos e líquidos p - Aumento da produção de anticorpos | A partir do 15º dia |
q - Cura completa (O vírus pode persistir na região nasofaringeana por tempo de 6 a 24 meses em bovinos e de 4 a 6 meses em pequenos ruminantes) | 15 dias |
FONTE: www.paho.org
Figura 03. Evolução teórica da febre aftosa em um bovino infectado em dias. Fonte: PANAFTOSA, 1978.
Nas investigações das doenças indistinguíveis da febre aftosa, é fundamental a observação de alguns aspectos durante a avaliação clínica e epidemiológica, destacando-se:
A prioridade do médico veterinário responsável pela investigação do caso suspeito de doença vesicular, no momento da primeira inspeção clínica dos animais, é descartar a suspeita ou confirmar o caso provável de doença vesicular. Independentemente da espécie suscetível envolvida, a lista de verificação deve, entre outros aspectos, avaliar a presença de:
a) em espécies não vacinadas o percentual tende a ser alto entre bovinos convivendo em uma mesma pastagem, piquete ou galpões, o que pode não ser observado em rebanhos submetidos a seguidas etapas de vacinação;
b) em rebanhos com histórico recente de vacinação, sinais clínicos predominantes em animais ou grupos etários com baixa expectativa de proteção imunitária; e
c) relação do provável início de casos clínicos com ingresso de animais suscetíveis no rebanho ou de caminhões boiadeiros para carga ou descarga de animais. Em suinoculturas, especial atenção deve ser dada à procedência dos alimentos.
8. Nos casos em que animais apresentam salivação e claudicação simultaneamente, com detecção ou suspeita de lesão vesicular, devem ser tomadas as medidas previstas para os casos prováveis de doença vesicular. Para não diminuir a sensibilidade do diagnóstico, deve-se examinar a boca de todo animal mancando e as patas dos animais com lesão na boca ou nas narinas.
9. A identificação de caso provável indica possibilidade de ocorrência da febre aftosa, apontando para outro importante objetivo da fase de investigação: a determinação do provável início da infecção. Para isso, além das informações obtidas durante a entrevista e a anamnese, é importante a descrição minuciosa das lesões secundárias (que se desenvolvem após a erupção das vesículas e o início do processo de cicatrização) para se estimar o início do aparecimento dos sinais clínicos e o provável começo da infecção. Não é incomum o entrevistado se equivocar ao ser questionado sobre o início das lesões. Por este motivo, é de extrema importância que o médico veterinário utilize seu conhecimento e experiência para avaliar e registrar corretamente o tempo estimado, quer seja por uma boa anamnese, quer seja por uma boa inspeção clínica e correta estimativa da idade das lesões. Por exemplo, uma lesão antiga, em fase de cicatrização não poderia ter se iniciado há dois dias, ou então a incompatibilidade entre o relato de presença de sinais há 20 dias e todos os animais apresentarem vesículas recém rompidas. Nestes casos, deve-se ampliar a investigação ao máximo para esclarecer todas as inconsistências detectadas nas informações prestadas. Portanto, a definição da idade das lesões, particularmente das mais antigas, é fundamental para estabelecer a evolução histórica do foco, com destaque para a definição da origem da infecção e do período de maior risco de difusão do agente viral. Como fonte de consulta e de estimativa da idade das lesões, pode ser consultado a coletânea de imagens de febre aftosa.
10. De forma geral, uma vez rompidas as vesículas, a rapidez da cicatrização estará influenciada por diferentes fatores, o que permite, na prática, uma estimativa aproximada da idade da lesão. Até o quinto dia, ainda é possível uma boa precisão, porém, à medida que vai passando o tempo, vai aumentando a dificuldade para se estimar a idade da lesão. Abaixo são apresentados alguns exemplos na estimativa da idade de lesões em língua de bovinos e em patas de suínos:
a) vesículas fechadas: até dois dias;
b) vesículas recentemente rompidas com pedaços de epitélio ainda aderidos nas bordas das lesões: um a três dias;
c) vesículas rompidas com perda de epitélio e ausência de bordas nítidas de tecido fibroso: entre três e sete dias;
d) lesões abertas com tecido fibroso de bordas nítidas: entre sete e dez dias.
É importante reforçar que o descarte da suspeita deve estar bem fundamentado tecnicamente e, na dúvida, o profissional deverá dar continuidade a investigação. É oportuno lembrar que nas regiões sem vacinação o quadro clínico em bovinos é mais evidente, enquanto que em regiões com vacinação é pouco provável que ocorram quadros clínicos clássicos nessa espécie, com lesões facilmente detectáveis. Neste caso, o esperado é a presença de sinais clínicos em reduzido número de animais, com lesões menos severas, podendo ser verificadas indiscriminadamente na língua, boca, espaços interdigitais ou úbere.
No atendimento tardio às suspeitas, é mais frequente constatar a presença de lesões secundárias, como erosões, úlceras e crostas. Nesses casos, o médico veterinário deve estar atento para algumas enfermidades que podem confundir o diagnóstico de doença vesicular: vaccínia bovina, pseudovaríola bovina, estomatite papular, ectima contagioso, mamilite herpética bovina, língua azul, febre catarral maligna, diarreia viral bovina/doença das mucosas, rinotraqueíte infecciosa bovina / vulvovaginite pustular infecciosa, dentre outras. É importante que o MVO acesse materiais técnicos e publicações recentes, a fim de ter conhecimento dos aspectos clínicos e o curso dessas outras enfermidades que podem ter sinais clínicos considerados confundíveis com doença vesicular.
Além das doenças infecciosas confundíveis, outros casos comuns de descarte das suspeitas de doença vesicular envolvem intoxicações e traumatismos físicos ou químicos. No caso das intoxicações, destacam-se as substâncias responsáveis por quadros de fotossensibilização, os produtos químicos cáusticos ou abrasivos, e ainda os fungos do gênero Clavaria e os Phytomyces chartarum.
Os fungos Phytomyces chartarum causam a doença denominada eczema facial, afetando bovinos e mais raramente os ovinos, caracterizada por um quadro clínico de fotossensibilização.
Os fungos do gênero Clavaria, associados a plantações de eucalipto, em épocas quentes e com alta umidade, tem importância na região sul do país, provocando sialorreia intensa e necrose do epitélio lingual. Observa-se congestão de conjuntivas, opacidade da córnea em ovinos, levando à cegueira, dificuldade de marcha e queda dos animais. Nos bovinos, pode-se observar desprendimento dos chifres, de pelos da cauda ou de mechas de lã em ovinos.
Quanto aos traumatismos, diferentes elementos podem levar a quadros de salivação e claudicação, destacando-se as lesões causadas por pastagens secas e duras, por pastos e culturas recém-cortados ou ainda por solos com predominância de cascalhos. Nas explorações de bovinos para produção de leite, as afecções podais são comuns, observando-se quadros de: dermatite interdigital; erosão da camada córnea; erosão de talão; dermatite verrucosa; pododermatite interdigital vegetativa; dermatite digital; flegmão interdigital; pododermatite asséptica difusa; pododermatite circunscrita; pododermatite necrosante; fissura da unha; doença da linha branca; fraturas de falange; abscessos de sola e talão; úlcera de sola; úlcera de pinça; artrose alta; luxações; e hemorragia de sola. Ainda em relação às afecções podais, nas explorações de ovinos é comum a ocorrência de pododermatite contagiosa ovina (foot root).
A seguir são apresentados os procedimentos a serem adotados pelos médicos veterinários do SVO frente a uma notificação de suspeita de doença vesicular. Deve-se reforçar que, além da importância do tempo no atendimento, outra questão fundamental é o correto e completo registro das atividades realizadas.
Após o recebimento de uma notificação na UVL ou pelo e-SISBRAVET, a UVL deverá:
1º Registrar imediatamente a notificação da suspeita no e-SISBRAVET conforme orientações disponíveis no Manual do e-SISBRAVET.
Quando a notificação for realizada por telefone, recomenda-se, por precaução, registrar o número do telefone de origem e confirmar por meio de chamada de retorno. Entretanto, caso a pessoa não queira ser identificada, deve ser garantido o sigilo.
A pessoa que fez a notificação da suspeita, caso tenha estado em contato com os animais, deve ser orientada sobre os procedimentos de biossegurança necessários para evitar a disseminação do possível agente infeccioso, principalmente quanto a não movimentação dos animais suspeitos e seus contatos diretos, e não entrar em nenhuma outra propriedade com animais suscetíveis à febre aftosa até o final da investigação que será realizada pelo SVO.
Se a notificação for realizada diretamente pelo e-SISBRAVET, será incluída na lista de notificações pendentes de classificação da respectiva UVL vinculada ao município da localização dos animais, onde o MVO poderá consultar e fazer sua classificação.
2º Levantamento inicial de informações
Inicialmente, devem ser avaliadas as informações disponíveis no cadastro da propriedade (sistema de cadastro SVE ou aba “Preparar atendimento” do e-SISBRAVET), destacando: identificação da propriedade e seus produtores, levantamento do número de explorações pecuárias e do rebanho existente; intensidade de movimentação de animais (principalmente ocorrência de ingresso e egresso nos últimos 30 dias); data da última vacinação; localização geográfica e vias de acesso. Identificar também as propriedades limítrofes e aquelas com algum vínculo (que mantiveram nos últimos 30 dias algum tipo de relacionamento – ingresso/ egresso – com a propriedade que está com animais sob investigação). Ainda é importante obter informações de outras propriedades pertencentes ao mesmo proprietário e outros produtores que possam estar envolvidos na propriedade. Esse primeiro levantamento de informações deve ser realizado de forma objetiva e rápida para não comprometer o tempo de reação. Dependendo do resultado do atendimento inicial, novas informações deverão ser obtidas para realização de análises complementares.
Cautelarmente, entre o período da notificação de um caso suspeito e seu atendimento pelo SVO, fica facultado ao MVO impedir a emissão de documento de trânsito animal que tenha como origem ou destino a unidade epidemiológica onde estão os casos suspeitos de doença vesicular.
Na aba “Preparar Atendimento” do e-SISBRAVET, informar quando a investigação será atendida, consultar material de apoio, se necessário, e imprimir os formulários de investigação e anexos.
3º Deslocamento para atendimento à notificação
Paralelamente ao levantamento das informações iniciais, deve ser providenciada a preparação do veículo para deslocamento e do kit com o material para atendimento de suspeitas de doença vesicular. Deve-se informar à equipe da UVL e ao superior imediato o horário e o motivo da saída: atendimento a uma notificação de suspeita de doença vesicular.
O atendimento deve ser, de preferência, imediato ou, no máximo, em até 12 horas. No caso de notificações por terceiros ou pela vigilância, buscar identificar e fazer contato prévio com o proprietário ou responsável pelos animais para combinar a melhor e mais rápida forma de realizar a inspeção clínica dos animais suscetíveis a febre aftosa. Caso a notificação tenha sido apresentada no final do dia e dependendo da distância e das condições da estrada e de iluminação no local, o mais recomendado é o atendimento nas primeiras horas da manhã do dia seguinte. Na hipótese de o médico veterinário responsável pela UVL não estar presente no momento da notificação, o servidor que a receber deverá realizar o registro inicial no sistema e entrar em contato com a unidade central ou a unidade regional (caso exista) para avaliar e definir o atendimento por outro médico veterinário do SVO. Havendo resistência por parte do proprietário ou responsável pelos animais, a notificação poderá ser atendida com auxílio das forças policiais, devendo-se esgotar todos os recursos antes de empregar esta ação. Os profissionais do SVO deverão portar a carteira funcional ou outro documento de identificação profissional. Recomenda-se dispor de cópia ou acesso à legislação que lhes dá competência para tomar as medidas necessárias no âmbito da defesa sanitária animal, com destaque para o ingresso em propriedade rural ou outro local qualquer para examinar os animais com suspeita de doença vesicular, e para a interdição do local, caso o risco da presença e difusão de agente infeccioso seja confirmado.
Os formulários de investigação podem ser impressos com as informações prévias a partir do e-SISBRAVET, na aba “Preparar Atendimento”, facilitando o preenchimento durante a investigação à campo e posteriormente no sistema.
O atendimento e a elucidação da suspeita devem ser realizados da forma mais rápida possível. Assim, o deslocamento do profissional deverá ser diretamente à propriedade com casos suspeitos, sem parar em outras propriedades rurais durante o trajeto. Caso a notificação tenha sido apresentada em feriados ou finais de semana, os responsáveis pelo atendimento devem ter total autonomia para a utilização de veículos e de toda a estrutura da instituição necessária ao trabalho em questão.
4º Ações na propriedade
Chegando à propriedade com animais suspeitos, o profissional deverá tomar todos os cuidados com a biossegurança e dedicar-se com atenção aos trabalhos de investigação, entrevista, inspeção clínica dos animais e investigação epidemiológica. Alguns pontos importantes a serem considerados:
a) deve-se dirigir diretamente à sede para realizar uma entrevista inicial com os responsáveis pelos animais (realizar uma anamnese detalhada, utilizar as perguntas existentes no formulário de investigação inicial e no formulário específico de investigação de doença vesicular) e definir a melhor forma para realizar a inspeção clínica dos animais. Em propriedades mais extensas, é desejável para avaliação epidemiológica, a elaboração de um croqui simplificado, indicando a localização dos mangueiros ou pastos e a distribuição dos animais suscetíveis à febre aftosa;
b) dirigir-se, com todo o material necessário, diretamente ao lote dos animais sob suspeita e inspecioná-los, se possível no mesmo local onde se encontram. Caso seja necessário e, desde que os riscos para disseminação da doença sejam reduzidos, os animais poderão ser movimentados dentro da propriedade para local que facilite o exame clínico. A inspeção deve começar pelos lotes suspeitos, tendo em vista que nesta fase da investigação o mais importante é confirmar ou descartar a suspeita de doença vesicular infecciosa;
c) no lote sob investigação, inspecionar o maior número possível de animais. Para as doenças transmissíveis como febre aftosa, a ordem de inspeção dos animais que estão em convivência não tem importância epidemiológica, podendo iniciar a inspeção pelos animais sadios ou pelos animais com sinais clínicos. Entretanto, diante da necessidade de avaliar rapidamente a suspeita apresentada, e especialmente em situações em que a inspeção clínica dos animais demonstre ser complexa, recomenda-se que a inspeção comece pelos animais com sinais clínicos aparentes, com o objetivo de realizar a colheita de material para diagnóstico laboratorial (se necessária). O importante é que seja examinado o maior número de animais, tanto aqueles com sinais clínicos, quanto os aparentemente sadios, com o objetivo de avaliar a dispersão da doença e a idade das lesões, além de estabelecer, com apoio da entrevista realizada, o provável início do episódio sanitário;
d) a inspeção clínica deve ser estendida às demais espécies susceptíveis à febre aftosa e equídeos existentes na propriedade. O médico veterinário responsável pelo atendimento deve ter em mente que, dependendo do quadro clínico e epidemiológico encontrado, haverá necessidade de outras visitas para inspeções complementares no rebanho. A primeira visita tem como prioridade o descarte ou a confirmação da suspeita e, quando necessário, a colheita de amostras para envio ao laboratório preconizado pelo Mapa. No Anexo E pode ser consultado um guia básico para exame de animais suspeitos de doença vesicular;
e) além da inspeção clínica, deverá ser realizada uma avaliação epidemiológica, considerando indicadores de demografia animal (faixa etária, sexo, densidade, tipo de exploração, etc.), expectativa de imunidade dos animais existentes, ingresso recente de animais ao lote, mudanças de manejo, ocorrência simultânea em diferentes espécies, qualidade da pastagem e do solo (se há presença de tocos ou pedras, por exemplo), dentre outros aspectos.
f) As investigações clínicas e epidemiológicas realizadas nesse primeiro momento (ainda na propriedade rural) servem para fundamentar o julgamento da condição de saúde dos animais, orientando o médico veterinário a estabelecer um diagnóstico definitivo ou provisório e levando-o a uma das seguintes possibilidades: descartar a suspeita ou confirmar a ocorrência de um caso provável de doença vesicular (Figura 4)
Figura 04. Início do fluxo de atendimento de suspeita de doença vesicular
a. Suspeita descartada
A suspeita pode ser descartada na propriedade, pelo MVO, diante das seguintes possibilidades:
O MVO deverá relacionar todas as informações que fundamentaram seu diagnóstico, registrando-as no formulário de investigação, podendo fazer registros fotográficos para inserção no sistema. Para descrição das lesões, deve-se utilizar termos técnicos adequados, incluindo localização, número, formato, tamanho, profundidade, coloração, grau de cicatrização e estimativa da idade.
Nas suspeitas descartadas de doença vesicular, a investigação deverá ser encerrada, registrando o diagnóstico final e as informações que o fundamentam, seguido do registro e encerramento da ocorrência no e-SISBRAVET .
Em todos os casos, aproveitar a ida na propriedade para atualizar as informações cadastrais e dos rebanhos existentes. Caso a propriedade não esteja no cadastro do serviço veterinário estadual, obter as informações necessárias para sua inclusão na base de dados e repassar ao proprietário ou responsável pelos animais as orientações e informações sobre os aspectos legais e sanitários envolvidos.
b. Caso provável de doença vesicular
Diante de caso provável de doença vesicular, o MVO deverá ter atenção especial com as atividades de colheita de material para diagnóstico, levantamento de informações e biossegurança. Na sequência, serão destacados alguns procedimentos e informações sobre cada uma dessas atividades, a serem consideradas no local onde estão os casos prováveis de doença vesicular. É oportuno reforçar que, nessa fase de alerta, decorre um intervalo de tempo de grande importância, no qual ações devem ser conduzidas, levando-se em conta a possibilidade de se confirmar um caso de febre aftosa, e que estão descritas na Fase de Alerta.
b.1. Colheita de material para diagnóstico
A impossibilidade de fazer um diagnóstico clínico diferencial de doença vesicular, associada à frequente falta de informação epidemiológica no início das investigações, exige apoio laboratorial para embasamento da confirmação do diagnóstico. A qualidade da colheita e da remessa de amostras interfere diretamente no tempo para o processamento laboratorial. Nesse ponto, destacam-se as seguintes orientações:
b.1.1 . Sorologia
Na fase inicial da investigação, a colheita de soro deve ficar limitada aos animais com sinais clínicos, sendo recomendado colher no máximo amostras de soro de 10 animais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal – OIE - uma reação positiva à prova de detecção de anticorpos contra o vírus da febre aftosa pode ter quatro causas: infecção natural; vacinação; presença de anticorpos maternos; e reações cruzadas (heterófilas). Com respeito aos anticorpos maternos, a OIE indica que normalmente são encontrados até os seis meses de idade em bovinos, mas podendo ser detectados por mais tempo em alguns indivíduos.
Quando se trata de regiões onde a vacinação não é praticada, a identificação de anticorpos contra o vírus da febre aftosa é uma informação mais fácil de ser analisada, devendo estar sempre associada, no entanto, ao quadro clínico e epidemiológico encontrado. Portanto, apesar da identificação de anticorpos contra o vírus da febre aftosa em animais com sinais clínicos de doença vesicular representar um achado importante em rebanhos não vacinados, nas áreas onde existe um sistema de vigilância implementado é mais provável que a confirmação do caso seja realizada por isolamento e identificação viral.
Nos locais onde a vacinação é realizada, o emprego de testes laboratoriais para detecção de anticorpos contra o vírus da febre aftosa tem valor limitado quando a análise é individual. O MVO responsável pela investigação da suspeita de doença vesicular deve ter cuidado especial na obtenção do histórico de vacinação contra a febre aftosa, procurando cruzar informações.
b.1.2 No caso de atendimento com colheita de epitélio
A identificação de casos prováveis que possibilitem a colheita de material para isolamento viral é a situação mais desejada, dando mais segurança ao diagnóstico final e indicando que a notificação e o atendimento pelo SVO ocorreram de forma oportuna. É importante que sejam seguidas as seguintes recomendações:
b.1.3 No caso de atendimento onde não é possível a colheita de epitélio
Em situações peculiares, como por exemplo em ruminantes testados com a finalidade de trânsito e que tenham resultado reagente na sorologia para febre aftosa, sem apresentar sintomatologia clínica, pode-se realizar a investigação utilizando técnicas que visem colher amostras pareadas de líquido esofágicofaríngeo (LEF), com intervalo de 15 dias, utilizando copo coletor apropriado. Vale destacar que a colheita de LEF para febre aftosa é realizada apenas em ruminantes. Essas situações devem ser registradas nos formulários padronizados de investigação. A colheita de LEF exige treinamento específico e os animais devem estar em jejum mínimo de 12 horas (procedimentos para colheita descritos no Anexo G). O líquido esofágico-faríngeo deve ser armazenado em igual quantidade de MEM e congelado o mais rapidamente possível, procedendo-se com a aferição do pH do meio de conservação antes da colheita de material. No caso de amostras negativas, é recomendada a realização de mais uma colheita, com intervalo de pelo menos 15 dias, na busca de um diagnóstico mais consistente.
Em suínos, deve-se optar por coletar fragmentos das tonsilas e manter os mesmos congelados até a chegada ao Laboratório.
Os meios de Vallée e MEM, empregados para conservação das amostras de epitélio e de LEF, apresentam composição distinta, e estão descritas no Anexo F. Além da função de conservação, esses meios têm como objetivo preparar as amostras para os diferentes procedimentos aos quais serão submetidas no laboratório. Dessa forma, a utilização desses meios deve respeitar as suas finalidades específicas, não sendo adequado substituir um pelo outro. O quadro abaixo apresenta as recomendações de utilização de meio por tipo de material colhido.
Quadro 2. Meios de conservação recomendados para os diferentes materiais:
Líquido de Vallée | MEM | |
---|---|---|
Epitélio | X | X |
Líquido vesicular | - | X* |
Suabe vesículas | - | X |
LEF | - | X |
*somente em amostras com volume inferior a 200 microlitros
Em casos excepcionais, em que não seja possível utilizar estes meios, deve-se entrar em contato com o laboratório responsável pelo diagnóstico ou setor de triagem do SVE para orientações específicas.
b.1.4. Colheita de amostras para o diagnóstico diferencial
Considerando que a doença alvo do PNEFA é a febre aftosa, é fundamental destacar que os testes para diagnóstico diferencial somente serão realizados ante a resultados negativos para febre aftosa. Com vistas a um diagnóstico conclusivo, dependendo da qualidade e da quantidade das amostras colhidas durante a primeira inspeção clínica, poderá haver necessidade de retorno à propriedade ou ao local onde estão os animais para colheita de novas amostras.
As doenças vesiculares clinicamente indistinguíveis da febre aftosa e que são endêmicas no País (Estomatite Vesicular e SVA) fazem parte das doenças diferenciais pesquisadas nas análises de rotina no laboratório, nas investigações dos casos prováveis de doença vesicular.
b.2. Levantamento de informações (investigação epidemiológica)
Após a constatação de um caso provável de doença vesicular, o levantamento de informações deverá ser aprofundado por meio de entrevista com o proprietário ou com os responsáveis pelos animais. As questões devem buscar determinar o provável dia de início do evento sanitário e sua possível origem, e avaliar o grau de risco de difusão. Para isso, lembrar que no caso da febre aftosa o período de incubação é de até 14 dias, no máximo, sendo mais comum entre 2 e 7 dias. A determinação dos vínculos é muito importante, devendo-se buscar informações de movimentações de animais cobertas por GTA e até mesmo as realizadas informalmente.
O MVO responsável pelo atendimento deve se reunir com as pessoas diretamente envolvidas para realizar a entrevista, ocasião em que deverá orientar sobre as recomendações de biossegurança. Ao final da entrevista, deverá ser verificado se todas as informações para preenchimento dos formulários foram levantadas, dando especial atenção ao provável início da doença, e fazendo uma relação entre as informações encontradas e a cronologia e avaliação da idade das lesões examinadas na data da visita. Um fluxo detalhado do atendimento pode ser visualizado no Anexo H.
b.3. Atividades de biossegurança
As medidas de biossegurança são o conjunto de atividades empregadas para evitar ou minimizar os riscos de difusão da doença. No Anexo I constam os procedimentos de biossegurança na entrada e na saída do local onde haja casos prováveis de doença vesicular, para os profissionais envolvidos no atendimento. Os principais procedimentos que devem ser adotados ainda na propriedade estão descritos abaixo:
a) proibir a saída da propriedade de animais e produtos de risco para difusão da febre aftosa. Também estão incluídos os animais não suscetíveis, ante o risco de veiculação mecânica da vírus da febre aftosa;
b) produtos não associados diretamente com risco de difusão da doença podem disseminá-la de forma mecânica, por isso devem ser tomadas todas as medidas para desinfecção dos meios de transporte e do material de acondicionamento desses produtos;
c) suspender trabalhos com tratores e maquinários que possam aumentar as chances de difusão mecânica da vírus;
d) deixar o lote com casos prováveis de doença vesicular sob responsabilidade apenas de um reduzido grupo de trabalhadores, que não poderá ter acesso e contato com os demais animais suscetíveis da propriedade;
e) orientar os presentes para que não visitem outras propriedades com animais suscetíveis à febre aftosa e não mantenham contato com outras pessoas que também lidam com animais suscetíveis à doença (tal conduta deve ser mais rigorosa para aquelas pessoas que mantiveram contato direto com os animais doentes);
f) proibir visitas de qualquer pessoa sem autorização, inclusive médicos veterinários, técnicos que trabalham com inseminação artificial e outros profissionais e produtores, principalmente aqueles que tenham contato com animais suscetíveis à febre aftosa;
g) a produção de leite deverá ficar retida na propriedade. Não empregar o produto e seus derivados na alimentação de animais suscetíveis (especialmente bezerros e suínos). O leite representa um risco direto e também de difusão mecânica, por meio do caminhão transportador e das pessoas que lidam com a sua coleta. Independentemente da quantidade produzida, a retirada do produto da propriedade não poderá ser autorizada enquanto persistirem os riscos de disseminação da doença. Mesmo sabendo tratar-se de medida que envolve várias questões econômicas e sociais, deve-se considerar que o leite possui valor unitário baixo e muitas vezes é mais seguro recomendar a sua destruição, com indenização ao produtor. Alternativas a serem empregadas e recomendadas em relação ao leite incluem:
I) destinação para a fabricação de produtos submetidos a processamento térmico (muçarela, requeijão, entre outros) dentro da propriedade;
II) consumo interno do leite dos animais sadios, após fervura por pelo menos cinco minutos, se não for possível realizar o processo de inativação recomendada pela OIE;
III) destruição, com o emprego de produtos químicos que levam à alteração de pH (por exemplo, vinagre ou soda cáustica), descartando o produto em vala aberta para esse fim. Não derramar o produto em rios ou outras coleções de água.
Na questão da biossegurança, atenção especial deve ser dada aos desinfetantes empregados diante de diferentes situações. No Anexo J, adaptado do Manual de Procedimentos para a Atenção às Ocorrências de Febre Aftosa e outras Enfermidades Vesiculares, do Panaftosa, apresentam-se informações e uma relação de produtos químicos que podem ser utilizados no trabalho de limpeza e desinfecção.
5º Retorno à UVL
Após o retorno direto à UVL, o médico veterinário deverá comunicar o resultado da investigação aos superiores e demais membros de sua equipe de trabalho, e completar o registro das atividades realizadas nos formulários e no e-SISBRAVET, com upload dos formulários e fotos.
A partir da confirmação de caso provável de doença vesicular, inicia-se a Fase de Alerta.
A fase de alerta envolve o período entre a confirmação do caso provável de doença vesicular e o diagnóstico definitivo apoiado por teste laboratorial. Esta fase deve ser conduzida considerando a probabilidade de ocorrência da febre aftosa.
Os principais objetivos das ações desenvolvidas nesta fase são: dar início às atividades para avaliar a possibilidade de ocorrência da doença em outros rebanhos; restringir a movimentação de animais suscetíveis à febre aftosa para minimizar os riscos de disseminação do possível agente viral; e dar continuidade ao levantamento de informações para, caso necessário, implantar ações de emergência zoossanitária. As atividades devem ser conduzidas com bastante cautela, para não produzir tumulto ou pânico na comunidade local. Deverão ser envolvidos apenas os profissionais necessários à execução das operações de prevenção e de investigação epidemiológica complementar.
No retorno à UVL:
Na unidade central do SVE:
Após ter conhecimento do caso provável de doença vesicular, os pontos focais do PNEFA no SVE em conjunto com o setor de epidemiologia deverão:
As amostras para identificação do agente colhidas de casos prováveis de doença vesicular classificam-se como UN3373 - SUBSTÂNCIA BIOLÓGICA – categoria B, de acordo com as diretrizes da Organização das Nações Unidas (Recomendações para Transporte de Produtos Perigosos);
5. Também realizar a análise do cadastro da propriedade e do trânsito de animais, identificando as propriedades com vínculo epidemiológico, especialmente nos 30 dias anteriores ao provável início da doença e propriedades vizinhas;
6. Delimitar previamente uma provável área de emergência, contemplando espaço geográfico inicial para possível interdição e intervenção, se o resultado for confirmado. A delimitação inicial deve ser realizada pelo setor de epidemiologia do SVE, adotando como critério a área total dos municípios abrangidos pelo raio de 25 km, medidos a partir da propriedade com caso provável. Esse trabalho preliminar visa obter informações necessárias para otimizar o tempo de resposta na hipótese de confirmação do caso de febre aftosa;
7. Uma vez delimitada as possíveis áreas de risco epidemiológico (perifoco de 3km; vigilância de 7km e proteção de 15km), devem ser mapeadas e levantadas as seguintes informações por área:
a) Total de propriedades existentes;
b) Total de animais suscetíveis à febre aftosa, estratificados por espécie animal;
c) Vias de acesso, identificando possíveis locais para implantação de barreiras sanitárias (com apoio do setor de trânsito);
d) Acidentes geográficos e barreiras naturais;
e) Locais estratégicos importantes (laticínio, frigoríficos, aglomerações de animais, lixão, hospital veterinário, graxarias, etc.);
f) Todas as propriedades e pontos na região delimitada devem ter seus dados de localização geográfica extraídos no sistema e disponibilizadas em planilhas para que, em caso de confirmação, o arquivo possa ser acessado em uma situação de ausência de internet; -,
g) Mensurar a necessidade de pessoas, equipamentos e materiais para as investigações dentro das áreas delimitadas.
h) Revisar todas as informações constante no Anexo A relacionados aos municípios relacionados (propriedade investigada e vínculos).
i) Cabe a unidade central do SVE, em conjunto com a SFA, coordenar e acompanhar todo processo de investigação.
Nas propriedades com vínculo:
O trabalho de investigação e vigilância nas propriedades com vínculo epidemiológico deve ser cuidadoso e preciso, incluindo as seguintes atividades:
Além dos componentes do sistema de vigilância em propriedade (vigilância ativa), a partir de notificações (vigilância passiva) e a vigilância sorológica (estudos soroepidemiológicos, realizado apenas nas zonas livres com vacinação), o sistema de vigilância para febre aftosa possui ainda mais dois componentes que podem detectar casos prováveis de doença vesicular, fora de propriedade rurais: vigilância em estabelecimentos de abate e vigilância em eventos pecuários.
Cabe destacar que os esforços do setor privado (produtores, médicos veterinários privados, técnicos agrícolas, etc) devem ser no sentido de que a notificação de suspeitas de doença vesicular seja feita imediatamente ao SVO, com os animais ainda nos estabelecimentos de criação, sendo assim evitada qualquer movimentação ou envio de animais com lesões compatíveis com doenças infecciosas aos abatedouros, eventos de aglomeração ou qualquer emissão de GTA que leve a movimentação de animais suspeitos, objetivando o atendimento ainda no estabelecimento de origem de forma a evitar a disseminação de doenças, além dos transtornos nos estabelecimentos de abate, aglomeração ou em fiscalizações de trânsito.
Abaixo serão relatadas as ações que devem ser realizadas em cada situação:
Identificação de casos prováveis de doença vesicular em estabelecimentos de abate de animais susceptíveis a febre aftosa
Nos exames ante-mortem e post-mortem, em caso de detecção de lesões vesiculares, os animais deverão ser segregados e o SVE instado a apoiar a investigação no estabelecimento de abate e na propriedade de origem dos animais.
Os lotes com animais identificados como casos prováveis de doença vesicular deverão ser abatidos por último, evitando contato direto com os demais. Após a separação, o abate dos lotes sadios pode prosseguir. As carcaças, vísceras e demais produtos do abate do dia, tanto do lote com sinais clínicos como dos lotes sem sinais clínicos, devem ser segregados e mantidos sob controle do Serviço de Inspeção até conclusão da investigação. Outras medidas devem ser aplicadas até o resultado final da investigação descartando a doença são:
Ações em estabelecimentos de abate de suínos:
No caso de estabelecimentos de abate de suínos, quando o Serviço de Inspeção constatar lesões vesiculares e o lote estiver acompanhado de documentação do SVE que declare investigação prévia na propriedade (até 30 dias anteriores ao abate) e descarte da suspeita de febre aftosa, seja pela avaliação clínico-epidemiológica ou pelo relatório de ensaio laboratorial negativo, o abate poderá prosseguir normalmente (Ofício Circular Conjunto DSA/Dipoa 01/2020).
Na referida documentação do SVE deve constar: datas do início e conclusão da investigação; identificação do estabelecimento de criação; critério da conclusão da investigação (utilizar das seguintes opções: 1 – suspeita descartada de doença vesicular por critério clínico-epidemiológico, ou 2 – caso descartado de febre aftosa por critério laboratorial); telefone, identificação e assinatura do MVO responsável pelo atendimento. Apenas cópia deste documento deve acompanhar as GTAs, excluindo-se formulários de investigação e laudos de resultados laboratoriais.
Em caso de detecção de lesões vesiculares recentes que não sejam compatíveis com a data da avaliação clínico-epidemiológica na granja, ou em lotes desacompanhados da documentação do SVE comprobatória do atendimento prévio e do descarte da suspeita de febre aftosa, o SVO deve considerar como caso provável de doença vesicular e adotar as medidas previstas neste manual.
Identificação de casos prováveis de doença vesicular em eventos pecuários
Na detecção de suspeita de doença vesicular em eventos pecuários (feiras, leilões, etc.), o médico veterinário responsável deverá suspender a recepção e saída de animais e notificar imediatamente a UVL, que adotará os procedimentos de investigação previstos neste documento. Caso o médico veterinário oficial identifique um caso provável de doença vesicular, as seguintes medidas deverão ser aplicadas:
Identificação de casos prováveis de doença vesicular durante o trânsito de animais
Devido à dificuldade de fazer uma inspeção clínica adequada é bastante incomum conseguir detectar um caso provável de doença vesicular durante a fiscalização de animais em trânsito, tanto em fiscalizações volantes como em postos fixos. Lista-se abaixo, os procedimentos recomendados caso durante essa atividade, considerada uma ação de gestão sanitária visando mitigar o trânsito irregular de animais e seus produtos, se detecte casos prováveis de doença vesicular:
Após cumpridas todas as etapas da investigação na unidade epidemiológica com casos prováveis de doença vesicular e nos seus vínculos, apoiado no resultado laboratorial, o SVO poderá finalizar a investigação com um caso descartado de febre aftosa, solicitar novos testes laboratoriais ou, no caso de confirmação de um caso de febre aftosa entrar na fase de emergência. Um resumo de todo o fluxo está disponível no Anexo M.
O resultado laboratorial é um importante componente na investigação. A partir dele pode-se ter as seguintes situações:
Material impróprio para diagnóstico: em função de quantidade insuficiente ou de problemas de conservação. Essa situação deve ser evitada, mas caso ocorra devem ser tomadas providências imediatas para nova visita à propriedade e colheita de material (com registro e preenchimento dos formulários de investigação complementar e laboratorial). Aproveitar para atualizar as informações em relação a casos novos. A propriedade e as relacionadas com a investigação deverão permanecer interditadas.
Diagnóstico negativo de febre aftosa: a desinterdição da propriedade com investigação de caso provável de doença vesicular se dará no momento em que o SVO for notificado dos resultados laboratoriais negativos, em complemento a avaliação clínico-epidemiológica dos animais. Especificamente para suínos, quando houver apenas diagnóstico sorológico, a desinterdição se dará após resultado negativo e avaliação clínico-epidemiológica dos suínos na granja afetada. Em todos os casos, o fim da investigação e o diagnóstico final deverá preceder o preenchimento do formulário de investigação complementar de encerramento, com registro dos dados e upload do formulário no e-SISBRAVET. Ressalta-se que caberá ao MVO, mediante todas as informações epidemiológicas, clínicas e laboratoriais, definir pelo encerramento ou não da investigação, podendo, dependendo das características analisadas na investigação, manter a interdição da propriedade, mesmo com resultados laboratoriais negativos, podendo realizar novas colheitas e submeter novas amostras ao laboratório.
Diagnóstico positivo para febre aftosa: Atendendo aos critérios definidos para caso de febre aftosa, caberá ao Mapa decretar EMERGÊNCIA ZOOSSANITÁRIA. Neste caso, as orientações e os procedimentos estão descritos no Plano de contingência para a febre aftosa.
Adams, M. J., E. J. Lefkowitz, A. M. Q. King, D. H. Bamford, M. Breitbart, A. J. Davison, S. A. Ghabrial, A. E. Gorbalenya, N. J. Knowles, P. Krell, R. Lavigne, D. Prangishvili, H. Sanfacon, S. G. Siddell, P. Simmonds, and E. B. Carstens, 2015: Ratification vote on taxonomic proposals to the International Committee on Taxonomy of Viruses (2015). Arch. Virol. 160, 1837–1850.
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BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa no 50, de 24 de setembro de 2013. Altera a lista de doenças passíveis da aplicação de medidas de defesa sanitária animal, previstas no art. 61 do Regulamento do Serviço de Defesa Sanitária Animal, publicado pelo Decreto no 24.548, de 3 de julho de 1934, na forma do Anexo à presente Instrução Normativa. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília 25 set 2013. Edição: 186, Seção: 1, P: 47
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Syed M. Jamala, Graham J. Belshamb, Molecular epidemiology, evolution and phylogeny of foot-and-mouth disease virus Infection, Genetics and Evolution, 59 8498, 2018. DOI https://doi.org/10.1016/j.meegid.2018.01.020
As sugestões para aprimoramento ou possíveis correções deste documento devem ser direcionadas ao Departamento responsável, para alinhamento e melhoria na descrição dos procedimentos, legislação vigente e/ou regulamentações, que não tenham sido contempladas na versão vigente.
Versão | Conteúdo alterado | Data | Motivo |
---|---|---|---|
2.0 | Inclusão dos tópicos: Folha de rosto, Folha resumo, Disposições gerais e Histórico de revisão. | 24/09/2021 | Transcrição do manual para o modelo de manualização sugerido pelo Projeto de elaboração do modelo de manualização da SDA. |
Essas informações são vitais para atuação oportuna durante as ações de emergência zoossanitária. A informação, além de estar disponível em formato eletrônico e, pelo menos uma vez por ano, atualizada e avaliada em nível local (UVL), regional e central do SVE, quanto a consistência dos dados e validação das coordenadas geográficas
Lista de material para atendimentos a suspeita de doença vesicular | |||
---|---|---|---|
1 |
Abridor de boca |
22 |
Líquido de Vallée e MEM |
2 |
Antisséptico |
23 |
Luvas de borracha e de procedimentos |
3 |
Agulhas: . Hipodérmicas descartáveis, esterilizadas (40 x16 mm) . Descartáveis para tubo tipo vacutainer® (0,80 x 25mm) Adaptador para colheita múltipla 25 x 8 mm |
24 |
Macacões |
4 |
Algodão hidrófilo e gaze |
25 |
Materiais para identificação dos animais: brincos e aplicador, pinça para tatuagem etc. |
5 |
Balde plástico |
26 |
Microtubos tipo eppendorf, capacidade de 2 ml (para soro) |
6 |
Bloco para anotação |
27 |
Microtubos de tampa com rosca e anel de vedação (para epitélio e suabe) |
7 |
Bomba costal e pulverizadores manuais |
28 |
Papel absorvente (papel toalha) |
8 |
Botas de borracha |
29 |
Papel indicador de pH |
9 |
Caixa com instrumental para necropsia |
30 |
Pinças (tipo dente de rato) |
10 |
Caixas de isopor (isotérmicas) em tamanhos variados |
31 |
Pipeta pasteur (transferência), descartável, estéril, capacidade de 3 ml |
11 |
Caixa para acondicionar e transportar os materiais |
32 |
Placa ou faixa para identificação de propriedades interditadas |
12 |
Desinfetantes, detergentes e sabão |
33 |
Prancheta |
13 |
Escovas para limpeza de botas e mãos |
34 |
Punch descartável para biópsia de 3 mm |
14 |
Esparadrapo |
35 |
Recipiente para descarte de material perfurocortante |
15 |
Fitas adesivas de polietileno |
36 |
Sacos plásticos ou bolsas para resíduos descartáveis |
16 |
Formulários de investigação |
37 |
Seringas 1 ml (insulina) e 10 ml |
17 |
Formiga e cachimbo para contenção |
38 |
Suabe estéril sintético flocado |
18 |
Frascos estéreis tipo Falcon de 15 e 50 ml |
39 |
Termômetros clínicos de uso veterinário |
19 |
Gelo reciclável |
40 |
Termos de Interdição e de Desinterdição |
20 |
Laços ou cordas para contenção |
41 |
Tesouras e bisturis com lâmina |
21 |
Lanternas e pilhas |
42 |
Tubos de ensaio tipo vacutainer® 10 ml, sem anticoagulante |
1. FEBRE AFTOSA:
2.. ESTOMATITE VESICULAR:
3. INFECÇÃO POR SENECAVÍRUS A:
4. DOENÇA VESICULAR DO SUÍNO:
5. EXANTEMA VESICULAR:
Características | Febre aftosa | Estomatite vesicular | Senecavírus A | Doença vesicular dos suínos | Exantema vesicular |
---|---|---|---|---|---|
Morbidade | Alta (60% a 100%) |
Baixa a média (5%-10%); Em rebanhos bovinos leiteiros até 85% |
Alta em leitões (5 a 60%) |
Alta (25-65%) - ocorrem infecções subclínicas |
Alta |
Mortalidade | Baixa (em animais jovens pode ser alta) | Zero ou baixa | baixa | Baixa | Baixa (<5%) |
Transmissão |
Contato, aerossóis, produtos cárneos. Dúvidas quanto ao papel de portadores. Pelo vento, somente em condições especiais (temperatura, umidade, pressão, vento). |
Dúvidas quanto ao papel de contatos, portadores e vetores. Máquinas de ordenha |
Via oronasal |
contato -produtos cárnicos (persiste em carnes refrigeradas/ congeladas) -através de feridas podais -secreções nasais e orais |
contato -produtos cárnicos (persiste em carnes refrigeradas/ congeladas) através de feridas podais -secreções nasais e orais |
Espécies susceptíveis | Bovino, suínos, ovinos e caprinos |
Bovino, suínos, equinos, caprinos e humanos |
Suínos | Suínos | Suínos |
Observações |
Persistência em bovinos. Vírus em fezes, urina, leite, líquido esofágicofaríngeo, aerossóis respiratórios e lesões. Considerada a doença mais contagiosa na medicina veterinária. |
Bezerros são mais resistentes que adultos. Sorotipo New Jersey mais virulento que Indiana. Zoonose. Imunidade natural < 6 meses. O vírus não sobrevive mais que uma ou duas semanas no meio ambiente. Alimento fibroso exacerba a infecção/ transmissão. Fauna silvestre? |
Lesões vesiculares, principalmente, em porcas e animais de terminação e mortalidade neonatal. Além das lesões os vírus estão presentes também nas secreções orais, nasais e fezes Detecção do vírus em tonsilas |
Zoonose - relacionado ao vírus Coxsackie B5 de humanos. Vírus muito resistente a inativantes/ meio ambiente. Eliminação/ fezes – 3 semanas. Contaminação de fômites. Não se demonstrou transmissão vertical. |
Persistência em carne refrigerada/ congelada. Imunidade pós infecção – 20 meses – mas não há imunidade cruzada com outros sorotipos. Mortalidade pode ser mais alta em animais jovens. Abortos e fêmeas que não deixam amamentar os leitões Fômites não são problemas. Não se tem demonstrado transmissão vertical |
Fonte: adaptado do Manual de Procedimentos para a Atenção às Ocorrências de Febre Aftosa e outras Enfermidades Vesiculares, Panaftosa
1. Para todo tipo de animal suscetível à febre aftosa.
a) Antes de imobilizar os animais, observe:
2. Contenha devidamente os animais e registre todos os detalhes sobre os sinais e lesões observados.
a) Registre a temperatura corporal e a idade estimada Valores normais (pode ocorrer variação de + ou –0,5o C)
b) Descreva com detalhe as vesículas: • íntegras ou rompidas (fechadas ou abertas);
3. Bovídeos
Local das lesões:
4. Suídeos
Sinais importantes
Lesões
5. Pequenos ruminantes
Sinais importantes
Lesões
6. Registre todas as informações de forma legível e confira a qualidade e correção do texto. Preencher todos os campos dos formulários do e-Sisbravet.
Líquido de Vallée a 50%
(para colheita de epitélio)
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MEM
Com hidrolisado de lactalbumina e extrato de levedura
(para colheita de líquido esofágico-faríngeo – LEF e Suabe)
Meio essencial mínimo Eagle Com sais de Earle aminoácidos não essenciais e bicarbonato de sódio. Pode ser adquirido em pó ou pronto para uso. Se for adquirido em pó, hidratar conforme orientações do fabricante e esterilizar por filtração. Adicionar a cada 1 litro no meio líquido e já esterilizado 1000 UI de penicilina 100 UI de sulfato de neomicina, 50 UI de sulfato de polimixina B e 100 UI de micostatina. |
Obs.: O controle e registro da temperatura de conservação e do pH dos meios deve ser constante.
Instalações: É indispensável que as instalações sejam próprias para uma perfeita contenção dos animais e possibilitem que a cabeça fique imobilizada e voltada para cima, mantendo uma posição adequada e cômoda para a realização da colheita. A correta contenção dos animais é um fator importante para facilitar o trabalho e evitar acidentes, tanto para os animais quanto para o operador. As amostras de LEF devem ser colhidas com ajuda de coletores específicos, conforme modelos abaixo. Os coletores consistem em um copo de metal, de aço inoxidável, com fundo arredondado e bordas em forma de bisel (apenas o suficiente para raspar a mucosa), fixo pelo centro da parte interna a uma haste curva com aproximadamente 50 cm de comprimento.
Modelos de coletores de LEF
Ruminantes: Os animais, devidamente identificados, devem permanecer em dieta hídrica durante pelo menos 12 horas. Uma hora antes da colheita, deve-se administrar água com a finalidade de eliminar eventuais restos alimentares e umedecer a região esofágica-faríngea. Esse procedimento facilita a penetração do coletor, assim como o raspado da mucosa. Deve-se evitar o uso de tranquilizantes que provoquem ação miorrelaxante. É possível que, com a manobra de introduzir o coletor através do esôfago, o animal tenha reflexo de vômito e prejudique a colheita da amostra. Nesse caso, o operador deverá rechaçar o material e tentar outra colheita, depois de deixar o animal em repouso por algumas horas. Persistindo, aconselha-se a transferir a colheita para outro dia.
Colheita da amostra: Durante o trabalho, o operador deverá tomar todas as precauções para evitar transmissão eventual de vírus de um animal para outro, além dos cuidados gerais de biossegurança. Deve ser utilizado um coletor esterilizado para cada animal. Para a introdução do coletor, o operador deverá abrir a boca do animal, pressionando a língua para baixo, e pela comissura labial fazer penetrar o coletor com cuidado, até atingir a faringe e parte anterior do esôfago. Isso é caracterizado pelo movimento de deglutição voluntária do animal. Após a deglutição, pode-se apalpar a região do esôfago para verificar o posicionamento correto do copo coletor. O reflexo de tosse é indicativo de que o copo está mal posicionado e deve ser retirado. Uma vez introduzido o coletor, é necessário fazer um raspado da mucosa esofágico-faríngea por meio de movimentos suaves (cinco a dez vezes) antes de retirá-lo. Esse procedimento é fundamental para a colheita da amostra, uma vez que os sítios principais de replicação do vírus da febre aftosa encontram-se no assoalho anterior da faringe e na superfície dorsal do palato mole. No caso de um animal positivo, o vírus da febre aftosa deve estar presente nas células epiteliais que se desprendem da região esofágico-faríngea no momento do raspado, com a presença de saliva, muco e restos alimentares. Depois da colheita, o operador deve lavar as mãos e braços com uma solução desinfetante e, a seguir, com água corrente.
Conservação e envio das amostras: Depois de retirado o coletor, o conteúdo do copo é transferido para um tubo estéril do tipo “Falcon”. Imediatamente adiciona-se igual quantidade de MEM, contendo antimicrobianos. O frasco é identificado e devidamente vedado, sendo em seguida agitado vigorosamente, para homogeneizar a amostra com o meio. A amostra deve ser preferencialmente congelada e colocada em recipiente que mantenha a temperatura de conservação. As amostras devem seguir o mais rapidamente possível para o laboratório, acompanhadas dos formulários padronizados pelo SIZ.
As medidas de biossegurança devem ser rigorosas durante as atividades de vigilância e atendimento a suspeitas de doenças vesiculares. São destacados alguns procedimentos de biossegurança para adoção pelas equipes de vigilância.
Equipamentos e materiais necessários para procedimentos de biossegurança:
Visando melhor organização do material e facilitar a desinfecção, os materiais devem ser colocados em caixas ou sacos plásticos resistentes, etiquetados e fechados, destacando:
Medidas gerais para prevenção da contaminação:
Precauções que devem ser tomadas para minimizar a contaminação dos equipamentos:
Procedimentos sugeridos para entrada em propriedades:
Parar o veículo em um ponto seguro, seco e limpo de preferência próximo à porteira, evitando entrar caso seja pequena propriedade. No caso de propriedades grandes, entrar com o carro até próximo às instalações pecuárias, mas mantendo boa distância e escolhendo local seco e limpo.
Vestimenta do equipamento de proteção individual:
Sugestões para procedimentos na propriedade:
Preparando para sair da propriedade:
Saindo da propriedade:
Em caso descartado: não é necessário procedimentos específicos de biossegurança Em caso provável, adotar os seguintes procedimentos:
Recomenda-se a adoção dos seguintes pontos:
a) limpar e desinfetar os sacos dos celulares, câmeras e GPS;
b) limpar e desinfetar as botas de borracha e as luvas com escova, incluindo as solas;
c) limpar e pulverizar o macacão com desinfetante, ou mergulhar em balde com solução desinfetante, em seguida colocar em saco limpo;
d) retirar as luvas, cuidando para não tocar as mãos na parte externa, e colocá-las no saco de materiais descartáveis. Caso sejam luvas de borracha reaproveitáveis, elas devem ser lavadas, desinfetadas e colocadas nos sacos junto com o macacão;
e) fechar os sacos plásticos contendo as amostras, equipamentos, botas e macacões usando fita adesiva;
f) colocar os sapatos;
g) limpar e desinfetar mãos, pulsos e braços;
h) despejar os restos de desinfetante nas rodas do veículo;
i) colocar os sacos com materiais não descartáveis e de lixo desinfetados externamente no carro (porta-malas ou carroceria); e
j) desinfetar as rodas, pedais e piso do veículo antes de deixar a propriedade.
3. Ao retornar da propriedade, providenciar:
a) destino adequado para o material descartável com risco biológico;
b) limpeza e desinfecção dos materiais reutilizáveis; e
c) banho e assepsia das vias aéreas respiratórias (nariz e garganta).
1. Ácido cítrico a 2%
Preparação: duas partes de ácido cítrico para 98 partes de água.
Indicações: objetos de laboratório e cabines de veículos.
Observação: é pouco corrosivo para metais e superfícies pintadas.
2. Solução de carbonato de sódio a 4%
Preparação: dissolver 400 g de carbonato de sódio em 10 litros de água.
Tempo de contato: 10 minutos.
Método de aplicação: pulverização, aspersão, pedilúvio e imersão.
Precaução: ao aplicar o desinfetante em ambientes fechados, recomendam-se botas, luvas e máscara.
Indicações: instalações, pessoas e animais, veículos, vestuários, utensílios, couros, peles, ossos, fenos e palhas.
3. Compostos iodóforos.
Preparação: misturar 1 litro do produto em 200 litros de água.
Tempo de contato: 10 minutos.
Método de aplicação: pulverização, aspersão, pedilúvio e imersão.
Indicações: pessoas, animais, veículos, vestuário, utensílios, couro, pele, osso, feno, palha e esterqueira.
Deve-se destacar que nos episódios de emergência zoossanitária, para eliminação de focos de febre aftosa conduzidos no Brasil entre 1997 e 2005, os produtos eleitos para as diferentes aplicações foram à base de Iodo. São produtos de fácil aquisição, conservação e utilização, podendo ser empregados tanto como desinfetantes quanto como antissépticos, alterando-se apenas a concentração/ diluição, de acordo com as recomendações dos fabricantes.
4. Ácido acético a 2%
Preparação: 2 partes de ácido acético glacial para 98 partes de água.
Indicações: objetos de laboratório e cabine de veículos.
Observação: é pouco corrosivo para objetos de metal, mas tem pouca ação sobre matéria orgânica.
5. Solução de sal triplo de monopersulfato de potássio
Preparação: diluir o pó em água corrente, conforme orientação do fabricante.
Tempo de contato: 30 minutos.
Método de aplicação: pulverização, aspersão de gotículas e imersão.
Precaução: não é tóxico nem irritante.
Indicações: desinfecção de estábulos, currais, plantas de processamento industrial, superfície de membros e patas de animais, veículos e equipamento de granjas.
Limitações de uso: não misturar com substâncias alcalinas, pois o produto trabalha um pH de 2,5 para uma solução ao 1%.
Obs.: Como a eficácia dos ácidos e dos álcalis como viricidas depende de seu pH, é importante que não se misturem. As superfícies tratadas com um tipo não devem ser submetidas à ação de outro, a menos que se intercale uma lavagem com água. Nunca use soda de lavar e um ácido para desinfetar o mesmo artigo.
• Os desinfetantes recomendados para febre aftosa não são efetivos contra muitas bactérias e vírus patógenos e podem perder sua eficácia específica se misturados ou aplicados junto com desinfetantes de uso geral.
As embalagens devem ser de boa qualidade, suficientemente fortes para resistir às cargas e aos impactos que ocorrem normalmente durante o transporte, incluindo o transbordo, empilhamento, manipulação manual ou mecânica. As embalagens devem ser construídas e fechadas de forma a prevenir qualquer perda de conteúdo em condições normais de transporte, por vibração ou mudanças na temperatura, umidade ou pressão.
Aplica-se o sistema de embalagem UN3373 categoria B (figura a seguir) que possui envasamento triplo, inclusive para transporte local por superfície, compreendendo três elementos: um recipiente primário, uma embalagem secundária e uma embalagem externa obrigatoriamente rígida.
O recipiente primário deve ser envolvido em material absorvente o suficiente para conter todo o material sem comprometer a integridade do produto amortecedor nem a da embalagem secundária. O recipiente primário deve ser protegido por uma embalagem secundária que, nas condições normais de transporte, não se rompa ou perfure. Se forem colocados vários recipientes primários frágeis em uma mesma embalagem secundária, eles devem ser envolvidos individualmente ou separados, de forma que se evite o contato entre eles.
Use sempre frascos de plástico de boa qualidade, com tampas de rosca. Os soros devem ser remetidos, preferencialmente, em microtubos de plástico descartáveis, do tipo eppendorf de 2 ml. Atenção para preencher apenas 2/3 da sua capacidade, uma vez que, ao congelar, os líquidos expandem seu volume.
A embalagem secundária deve ser capaz de impedir a perda de conteúdo quando houver falha na vedação do recipiente primário e será acomodada dentro da embalagem externa, com um material amortecedor apropriado.
Quando se usar gelo ou gelo seco (dióxido de carbono), eles deverão ser colocados fora da embalagem secundária, isto é, na embalagem externa ou em uma caixa térmica (isopor). Devem ser colocados calços internos para manter imobilizadas as embalagens quando o gelo se fundir ou evaporar. Quando for utilizado gelo seco, a embalagem deve permitir a saída do gás e prevenir a acumulação de pressão que possa rompê-la, e deve estar marcada com a etiqueta própria com a indicação “Dióxido de carbono sólido” ou “Gelo seco”.
Se for utilizado nitrogênio líquido, a embalagem exterior deverá levar a etiqueta de perigo correspondente e, no caso de transporte aéreo, será colocada também a etiqueta de manipulação para líquidos criogênicos.
Na embalagem externa também devem ser colocadas etiquetas com nome, endereço e telefone do remetente e do destinatário, incluindo um número de telefone de emergência. Deve constar também o termo Substância Biológica, Categoria B / Biological Substance, Category B. O transporte de amostras deve se adequar aos padrões internacionais, conforme norma da Iata.
A formação e a conscientização são importantes para todo o pessoal envolvido no transporte de substâncias biológicas de categoria B. Só por meio de orientação e formação adequadas os expedidores podem garantir a classificação correta da substância a ser enviada, assim como a correta seleção e preparação da embalagem. Os transportadores e outras empresas cujos trabalhadores intervêm no transporte devem formar os empregados nos procedimentos adequados para reconhecer e manipular pacotes que contenham substâncias biológicas e o modo de enfrentar os derramamentos, protegendo-os da exposição.